domingo, 27 de abril de 2014

Duartina



Duartina doce menina,

Olhar sofrido, sorriso brincalhão,

Luta constante, braço firme,

Lágrimas perdidas, olhar distante.



Duartina, sempre fugindo,

Enfeitando seus sonhos já tão esquecidos,

Em pequenos gestos de carinho,

Deixava sua ternura por vezes agindo.



O que será dessa menina sem sua mãe para acalentar?

Pobre menina, que carrega amarga sina,

Nascendo Duartina,

Deus escreveu em poucas linhas,

Que sua mãe não podia ficar.



Nada foi fácil para essa pequenina,

Que o pai negou e não quis olhar,

Mas a vida foi boa e cinco filhos vieram,

E no fim da vida seu pai teve que com ela ficar.



Que neto não se lembra de sua cozinha?

Nhoque, macarrão e aquela sopinha?

Não foi uma rainha a minha Duartina,

Mas com certeza reinou no meu coração.



domingo, 16 de março de 2014

UMA FILHA DE PÊLO MALHADO por Teresa Montes Jornalista




Assim surgiu Latifa em nossas vidas. Depois de termos perdido o nosso querido Pastor Alemão chamado Coiote, já velhinho... E também, de ter surgido um cachorrinho que salvamos de ser atropelado por um carro estacionado em frente de casa – detalhe – ele estava deitado depois das rodas, num lugar que o motorista não ia ver, Maxwell; surge Latifa, que ficou na praça de frente de casa por três dias, procurando um dono.
Ela aparentava já um ano de vida, com traços de filhote ainda, bem brincalhona.  Uma mestiça de Pointer Inglês, branca com manchas pretas. Um dia meu marido saiu, para ir à academia perto de casa, e ela o seguiu por quatro quarteirões... Ele entrou e ela ficou na porta. Quando saiu não a viu e pensou que ela tinha ido para outros lugares. Surpreso, viu que ela o estava esperando em frente nossa casa. Antes de dormir coloquei um papelão e dei-lhe água e ração, mas não a coloquei para dentro. A noite sonhei e uma voz dizia: O nome dela é Latifa, cuide dela por favor. Impressionada com o sonho, coloquei Latifa para dentro de casa onde até hoje está. 
Ela estava com a saúde debilitada, com infecção no intestino de comer lixo. Tratamos disso demos um belo banho, vacinamos e vermifugamos. Ela era como um pincher (pintier) quando pulava, a um metro do chão. Era esperta, aprendeu a abrir a porta da cozinha, que era estilo maçaneta.

Mas um dia tudo mudou. Ela fugiu e foi atropelada numa avenida movimentada próxima de casa. Se não fosse o carinho dos vizinhos, não sei onde ela estaria. Minha jovem vizinha e a mãe deram-lhe água e a acalmaram, pois ela havia se arrastado pelo asfalto até a calçada. Uma desconhecida passou e a levou para a medicina veterinária. Quando cheguei do trabalho, dei por falta de sua festa corriqueira. Era hora do almoço. Onde estaria Latifa? Fui para rua procurando, quando minha sogra, que vinha pelo caminho da praça, me avisou "Latifa foi atropelada...". Alguém a levou para medicina veterinária... Corri para medicina e encontrei a moça na porta do hospital com Latifa dentro do carro. Meu coração doeu e minhas pernas amoleceram quando a vi naquele estado. Sem pensar passamos ela para meu carro, agradeci as duas, minha jovem vizinha e a moça desconhecida. A jovem se ofereceu para ir comigo à veterinária. E foi acalmando Latifa. Chegando lá a veterinária afirmou "Ela quebrou a coluna. É melhor a levarem para medicina veterinária, lá tirarão radiografia e a cirurgia terá que ser feita." 
Levei a moça para casa dela e fui para a medicina. Tiraram a chapa e era uma fratura na T-13. A médica veterinária especialista em cirurgia de coluna canina me disse "Vou colocar a coluna da Latifa no lugar, mas não garanto que ela vá voltar a andar... Você não vai querer sacrificá-la, vai?" Eu respondi depressa  "Não, não! Fico com ela do jeito que ela recuperar."
Latifa usou gesso durante 40 dias... Foram momentos dolorosos para uma cachorra tão agitada como ela. Ela sentia as coceiras normais de cachorro, e outras que o calor do gesso causava. Isso deixava ela irritada e queria levantar. E a médica falou para não deixar. Senão o osso não recuperava. Teve que tomar até calmante... Pobrezinha.
E começamos a colocar fraldas nela. As benditas fraldas. Se não fossem elas o seu local não ficaria limpo. 
Ela tirou o gesso e começou a andar como uma foquinha, só com as patas dianteiras. Aos poucos Max voltou a brincar com ela, pois ele no inicio estranhava o gesso. E ela não podia brincar. Um dia tirando a fralda dela vi que ela reclamou de um pedacinho de fita crepe que grudou no pelo da cintura.  Uma esperança dela estar sentindo alguma coisa.
Fui parar na mão de duas especialistas maravilhosas, uma era acupunturista a outra fisioterapeuta. Tratamos a Latifa por seis meses. A atrofia das patas traseiras não regrediam. A esperança era ela ter o andar medular, mesmo sem o cérebro comandar. Mas por fim, as médicas me disseram que ela não conseguiria andar. Tentei até uma empresa para fazer botas ortopédicas, para colocar as patas traseiras no lugar, mas a médica da empresa disse que as botas não seriam adequadas para o caso da Latifa.
Desde então, me conformei com as limitações dela. Ela tem uma cistite crônica, própria de deficientes físicos, que tenho que sempre levar ao veterinário de tempos em tempos para fazer exames e controlar. Ela usa fraldas, que depois de procurar muito e fazer vários experimentos cheguei a uma marca que é muito cara. Ela precisa de pomada para evitar assaduras, como crianças... E por não ter as patinhas traseiras funcionando temos que coçá-la sempre que pede.
Ela é muito inteligente, quando acostuma com as pessoas, ela me avisa com latido diferenciado que chegou alguém conhecido, com apenas um “auf”. Já o carteiro, ela late compulsivamente, será mal de todos carteiros essa reação negativa? (Risos)
Tenho tentando fazer a manutenção da saúde de Latifa, e tem o outro cachorrinho também, o Maxwell, A diferença deles está no tamanho e peso, Latifa uns 24 kilos e Maxwell apenas uns 7 kilos... É complicado, é como se fossem outros filhos. Quem tem cachorro não pode considerar que são uma coisa para te alegrar o tempo todo. São seres vivos e com sentimentos. Penso que cachorros, a maioria deles, são como anjos em nossas vidas. Querem nos alegrar sim, mas precisam de carinho e cuidado. Precisam ir ao veterinário, serem vacinados. E se ficarem doentes, não é para serem abandonados à sorte. Precisam de medicamentos apropriados. 
Tanta gente compra cachorros, e quando viajam chegam a abandoná-los. Isso é uma grande covardia! Para esses ou essas sujeitas que maltratam animais e os abandonam, aguardem... Tudo que fazemos, seja para seres humanos, e animais, tudo volta para vocês como uma grande onda de energia. 
Eu agradeço pelas dificuldades que minha filha de pelo malhado me traz diariamente. Não sei o dia de amanhã, mas faço o meu melhor agora por ela. E quem resiste aos seus olhinhos de gratidão?

sábado, 15 de março de 2014

Nunca é tarde! Por Teresa Cristina Montes Cunha


Em uma das minhas maravilhosas aulas de telejornalismo na faculdade, tivemos oportunidade de assistir a um documentário feito por alunos sobre a alfabetização de adultos. Pessoas que não tiveram oportunidade de aprendizado quando crianças, depois de adultos, até idosos, resolvem voltar às salas de aula... O mais emocionante é ver depoimentos emocionados dessas pessoas por agora saberem o que está escrito pela cidade. “Antes éramos cegos mesmo enxergando...”
A coragem dessas pessoas em enfrentar o desconhecido mundo das letras, é um exemplo de que não devemos jamais desistir de nossos sonhos.
Mesmo com toda evolução tecnológica, as pessoas que mal  tinham na sua época e juventude um rádio para saberem as noticias e terem entretenimento, hoje estão nas salas de informática. Cada pequeno aprendizado é um novo mundo a explorar.
Minha tia, hoje já falecida, aprendeu a mexer no computador aos 80 anos de idade. Era com alegria que ela me dizia que agora falava com os filhos, que moravam em outras cidades no Brasil e até no exterior. Aprendeu a utilizar a câmera, o microfone e via e falava com seus filhos. Enfrentou sem problemas o novo mundo tecnológico.
Há dois anos resolvi enfrentar novamente as salas de aula. Voltar para a faculdade. Muitos me chamaram de louca, porque já tinha um curso superior e três especializações. Era hora de enfrentar um mestrado e não faculdade novamente. Mas o que motivou foi um sonho – ser jornalista.
E lá fui eu, com uma mochila, com caderno de matérias e bolsa com lápis, borracha e caneta... Na sala estavam uns 70 jovens. Carinhas novas entre 18 a 33 anos.  E aos poucos fui me enturmando com eles, alguns me chamavam de senhora, dona... Mas eu respondia: Está bem! Eu sei que sou velha, mas não precisa me chamar assim, somos colegas!
Estamos já  no quinto período, e são a total oito. Muitos já desistiram pelo caminho, por vários motivos. Metade da sala se separou porque agora uns escolheram o curso de publicidade. Mas a minha alegria é poder ir para sala de aula e a cada dia aprender um pouco mais. E rir e chorar com meus colegas, porque na vida não só existem as flores, mas também os espinhos....
Não importa qual seja seu sonho – vá à luta! Não importa o que vão falar desse seu ideal – enfrente! Nunca é tarde para começar...
Inspire-se na coragem daquele idoso que disse que sua maior alegria era poder ler as placas pela cidade, e enxergar o que antes ele não via.
Quem não sonha já morreu mesmo estando vivo...




domingo, 9 de fevereiro de 2014

UMA OCASIÃO ESPECIAL - Por Teresa Montes Jornalista


Quando eu estava casada recentemente, comecei a trabalhar com uma jovem senhora. Logo com o dia-a-dia no trabalho já havíamos nos tornado boas colegas. E nos momentos de descontração às vezes ela me contava fatos engraçados de sua vida. Mas um dia ela chegou com um tom bem sério lembrando algo que sombreou seu semblante.

Deixei-a começar a expor o que a afligia.

Era uma lembrança de sua irmã mais nova. Com ela havia fotos. Muitas fotos de um tempo feliz. Sua irmã no baile de debutantes, trajando um lindo vestido, a foto preto e branco, mostrando toda sua juventude e beleza, que seus quinze anos a presenteava. Ao lado, estavam suas amigas. O evento foi num famoso salão de nossa cidade.

Outro momento, ela estava muito produzida, já era seu casamento, a foto já era colorida, Mas pelos trajes dos convidados, devia ser lá pela década de 70.

Ainda vimos uma série de fotos, ora sua irmã com a família, mãe, pai e irmãos; ora ela com seu marido e os dois filhos. Ainda pequenos.

Ela pára um pouco, fitando uma das fotos, como se procurasse ouvir a voz de sua irmã, e então diz: “Minha irmã tinha uma mania muito dela. Quando ganhava algo novo, dizia que ia guardá-lo para uma ocasião especial. Isso desde que casou. Guardou pratarias, copos de cristal, lindos caminhos de mesa, xícaras de porcelana... Depois, o marido, lhe deu uma camisola de aniversário, e ela ainda me comentou: Vou usá-la em uma ocasião especial! É muito bonita!

E como a vida não nos avisa quando alguém vai partir, assim foi com minha irmã. Soube de um câncer. Muito severo. E em menos de um mês tive que vê-la em um caixão. Num dia chuvoso que aumentou ainda mais minha tristeza...

De três irmãos, ficamos só eu e meu outro irmão.

Depois de uma semana, recebo um telefonema, era o viúvo de minha irmã. Queria que eu fosse à casa da família.

Chegando lá, ele me pediu: “Não tenho coragem de mexer nas coisas de minha esposa. Você poderia ver o que tem para que possamos organizar uma doação?

Então fui com o coração apertado rumo ao quarto, que muitas vezes dividi com minha irmã trocando ideias, risadas e confidências...
Abri o armário dela e com surpresa vi muitas coisas ainda no plástico. Nunca foram usadas.

Edredons, lençóis, camisolas, sapatos, perfumes... Tudo guardado para uma ocasião especial, que nunca veio...

Então minha amiga se virou para mim e disse: “Nunca guarde nada para uma ocasião especial... Não sabemos o dia de amanhã... Não sabemos se teremos essa oportunidade.”


Desde então, eu comecei a colocar tudo que estava guardado para o uso. E hoje, depois de 20 anos de casada, não tenho nada que não tenha usado de meus presentes de casamento, e também de presentes que ganho, porque aprendi que, a ocasião especial é hoje, é agora!  

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

O TEMPO E A PACIÊNCIA - Por Teresa Montes Jornalista



A gente começa a perceber que estamos em outra etapa de nossas vidas quando notamos que algo que era impossível começa a acontecer.

Desde que casei, nenhuma planta que foi para minha casa vingou. Ou eu aguava demais, ou era água de menos. Acabavam morrendo. 

De tanta raiva que passei com isso só tinha plantas artificiais. Mas quando a gente menos espera, percebe que algo começa a se transformar em nós.

O tempo da correria, da impaciência, vai dando espaço a outros valores. Sim, o tempo passa, e com ele precisamos aprender algo novo, algo bom.

A paciência de cuidar de uma simples planta e curtir o brotar das  flores nela, novos ramos, vê-la ficar mais verde e vistosa – é o sinal que mudamos!

De uma plantinha só que eu ganhei numa festa, hoje já são quase oito. 

Agora aprendi a transplantar de um vaso para outro quando nascem as mudas em algumas plantas.
Algo que antes eu achava estranho, já me pego fazendo – falando com as plantas!

E quando uma plantinha que nunca deu flores, aparece a primeira, logo mostro para meus filhos e marido:  - Vejam!  A Cremilda teve uma filhinha!

É... O tempo da paciência já começa a dar o seu sinal em minha vida.

E começo a enxergar a beleza em pequenas coisas.

Teresa Cristina Cunha

Jornalista


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

BANANAS NO VARAL - por Teresa Montes Jornalista


Foto: Teresa Cristina Cunha

Me lembro bem que sempre que ia ao supermercado com meu pai ele fazia questão de ensinar a escolher as frutas e verduras.

Uma das dicas principais era ver se elas tinham brilho, e a cor devia estar firme.

Cada fruta tinha uma particularidade. Por exemplo a maçã. Se você pressionar a fruta ela deve estar firme, não pode ter nenhum machucado, partes escuras, buraquinhos. O tipo de maçã que mais tem sabor são as pequenas e em tons avermelhados

Já o mamão o melhor sabor é o do papaya. Também de preferência os menores, e quando pressionar o dedo devem estar macios, não muito, porque senão estão muito maduros e o sabor não é bom. Tem mamão que mesmo estando por fora da cor verde, já estão macios, e com sabor muito bom.

A banana, é a banana... Me lembro de papai falar que sempre comia banana, porque ela tinha muitas vitaminas que ajudavam a saúde.

E como ele gostava de banana, especialmente a do tipo nanica. Para escolhermos bem elas tinham que estar no cacho, já cor amarela com machinhas pequenas pretas, e com um leve macio em sua  textura. As bananas fora do cacho apodrecem rápido.

Mas às vezes não encontrávamos bananas já maduras. Estavam ainda muito verdes e não havia como escolher. Então papai as levava assim mesmo.

E a mania dele era colocar os cachos verdes pendurados nos arames do varal, perto das roupas mesmo. Dizia ele que o sol ajudava a amadurecer mais rápido.

E realmente às vezes em dois dias já estavam boas.

Hoje me lembro com saudade de meu pai, sempre aquele paizão preocupado, que gostava de levar a gente até na faculdade. Aquele que ninguém podia dizer nada contra sua honestidade, seu carinho com a família e seus exemplos de fé.

E sempre que compro bananas verdes me lembro dele e parece que até escuto sua voz: " Pendure as bananas no varal e logo logo estarão boas..."
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A MUDANÇA - por Teresa Montes Jornalista




Tem algumas coisas em nossa vida que precisamos passar, para amadurecermos e tirar daquele momento difícil alguma lição.



Cedo passei por uma grande provação – mudar não só de casa, mas de cidade também.



Lembro-me com tristeza de despedir de cada cômodo da casa onde morávamos, lá pelos meados do começo da década de 70, em Araguari, Minas Gerais... Ainda criança, uns nove anos... Ficava na Rua Jaime Gomes. A casa era simples e tinha vários cômodos, quatro quartos grandes, uma sala espaçosa, banheiro social e banheiro na suíte, cozinha e copa juntas, dispensa com lavabo, quartinho na área externa com banheiro para empregada. Um quintal com uma mangueira maravilhosa, um galinheiro construído por meu pai, confortável, com piso elevado, casinha de botar ovos, cocheiro de água e ração... Dentro um piso era forrado de palha seca que era sempre trocado. Havia três balanças no quintal, uma para cada filho. Eu me despedia de tudo com olhar comprido, sabendo que não mais aproveitaria aqueles espaços.



As galinhas papai havia doado para alguém cuidar, acho que minha Tia da fazenda...



Minha mãe colocou quase todos os brinquedos, meus e dos meus irmãos, na porta de casa, fazendo uma montanha com eles. E pouco a pouco, vi meninos e meninas carregando minhas preciosidades... O que mais senti, foi ver minha boneca que ria a Gui-Gui ser levada sem dó...



Coisas materiais até que a gente vai acostumando com o tempo. Mas, o que realmente me cortava o coração é ter que deixar minhas amizades. Amizades de brincadeiras, de pique-esconde, de teatro, de desfile. De brigas, algumas que marcaram uma amiga com uma enorme cicatriz... Disputa de calçada. Outra amiga, com pontaria certeira, do outro lado da rua, pegou uma pedra solta na calçada, quadrada, do tamanho da mão fechada. Jogou... E acertou bem na cabeça... Vários pontos... Uma culpa por incentivar a menina da pontaria a acertar a outra que também era nossa amiga... Mas o perdão veio de forma inusitada.



Vendo o caminhão de mudanças, todo repleto de nossos tesouros, móveis, brinquedos, bicicletas, eletrodomésticos... Tudo ali, bem apertado e pronto para ir.



Não sabia que minhas amigas, três de coração, haviam colocado em meio de roupas e gavetas alguns bilhetes inesperados.



Ao chegar à nova cidade, Uberlândia, lentamente colocando todos os objetos nos novos lugares, na nova casa. Minha mãe me chama e entrega os bilhetes.



Cada um do seu jeito, dizendo em poucas palavras, que não esqueceriam jamais de mim, e eu era uma amiga especial. Até mesmo minha amiga que levou os pontos...



Acho que chorei por três anos seguidos. Até conhecer novas amizades. E minhas amigas? As encontrei depois, visitando minha rua antiga por algumas vezes. E agora, depois de muitos anos, as encontrei, cada uma na sua vida, com filhos, com suas profissões... A amiga da pedrada uma fisioterapeuta maravilhosa, pedi perdão novamente pelas proezas da pedrada... A outra uma professora de faculdade, não a reconheci, porque quando era pequena, tinha grandes bochechas, e ficou uma moça muito elegante, sem bochechas... E a mais nova, Engenheira Civil, tem uma filha adorável, que parece muito com sua irmã, a professora de faculdade, quando era pequena.



A mudança foi dolorida, mas necessária. E dela tirei o valor de verdadeiras amizades de uma infância feliz.