Muitas vezes passamos grande parte do tempo reclamando das
coisas que não estão saindo como a gente quer.
Reclamamos do trabalho, ou por não ser a área que gostamos,
ou porque não somos promovidos, ou porque não nos relacionamos bem com os
colegas de trabalho. Reclamamos da família, porque não pensam como a gente. Reclamamos da escola porque não estamos tirando boas notas. Essa bola de neve da reclamação só vai fazer sua vida ficar
cada vez pior.
Lembrei-me de um fato que aconteceu na minha infância que
pode ilustrar bem como lidar com uma situação que geralmente ficaríamos aborrecidos
e reclamando verbalmente ou pelos pensamentos.
Eu tinha uns seis anos de idade. Estava no chamado Jardim de
Infância. Era um colégio que valorizava a criatividade, estimulando as crianças
a participarem de peças de teatro. E eu adorava participar!
A peça daquele semestre era BRANCA DE NEVE. Eu estava muito entusiasmada! É claro que eu queria ser a Branca
de Neve!
Então a professora veio para informar o que cada um faria na
peça. E para minha decepção, fiquei com o papel da borboleta... Borboleta???
Pensei comigo... E a professora perguntou: “Você vai querer?”. Eu, sem pensar
muito na hora respondi: “È claro”.
E começamos os ensaios. Nos dias dos ensaios a borboleta
tinha que entrar em cena na hora do funeral da Bela Adormecida, junto com os sete
anões e outros bichos. Mas a professora dizia: “É só ficar na beira da cama
funerária da Branca de Neve e fingir que está chorando, não precisa nem vir nos
ensaios se não quiser”, disse a professora. Mas eu pedia para minha mãe levar.
Eu precisava entender o papel da borboleta.
Então finalmente chegou o tão esperado dia da apresentação. Lá estava eu vestida de borboleta, com um lindo colã cor
azul claro, meias brancas, sapatilhas azul claro e lindas asas feitas de
armação leve e tecido transparente branco.
Eu estava super concentrada. Se era para eu ser a borboleta,
eu seria então a melhor borboleta de Branca de Neve que já houve no mundo!
Então chegou a minha hora de entrar. Procurei, antes da entrada, um rosto
conhecido e encontrei! Lá estava minha mãe na plateia! Então, respirei fundo e
entrei. Havia o som de uma música, e então comecei a dançar no antepé, como uma
bailarina, e a balançar os braços como se fosse voar. E entrei e fiquei perto
da mesa funerária que já estava com minha colega representando a Branca de
Neve, e também estava rodeada dos sete anões e outros bichos. Então chorei. Sim
eu precisava chorar. Coloquei emoção na cena. E depois, quando foi a hora de
sair de cena, dancei novamente, balançando meus braços como se estivesse a
voar, e olhava para trás, para Branca de Neve imóvel, e enxugava minhas
lágrimas.
Minha mãe disse, depois de muitos anos, quando eu era já adulta, que EU ROUBEI a
CENA!
Era algo que nem a professora estava esperando que eu
fizesse. Eu fiz algo além do script, mas foi algo inteligente, inovador!
Naquele dia a borboleta fez a diferença!
O que eu tiro dessa memória de infância é que, mesmo que
você esteja insatisfeito com o seu papel, seu trabalho, o jeito que sua família
te trata, o jeito que seus colegas te tratam – FAÇA O SEU MELHOR!
Faça além do previsto, se esforce em todos ambientes,
escola, trabalho, casa. Se você muda a atitude frente aos acontecimentos,
oportunidades boas irão surgir. E ao invés ficar reclamando agradeça e faça o
seu melhor!